quinta-feira, 31 de março de 2011

Lume

Há dias que o fogo nos consome Outros, em que parece que o engolimos. Quero libertar. Não me deixam. Não há rasto Quero uma longa caminhada, Afastada, Num beco sem saída e sem qualquer destino. Num monte fechado em árvores, Onde o sol não penetra por pena. Quero tingir os céus Com cem cores, Num espectro sem fim. Vou-me libertar sem medo Mas vou-te perder na certa.


J - 2011


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Memórias

ah...
palavras.
só palavras. Não passam disso mesmo.
linhas cobertas, indiscretas.
voláteis e inflamáveis.

fogo ardente que consome o papel.
uma alma de tábua rasa.
Folha em branco
que depressa se transforma negra.

memórias e mais memórias,
simples histórias.
voam as folhas marcadas,
depois de atirado o livro.

as fotografias a preto e branco
são o pesadelo.
o sonho negro
criado num plano branco.
J - 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Lago

Viagens alucinantes, passam na cabeça da fragilidade.
São gritos, incertezas indomáveis e sensações fora de controlo.
Manchas de sangue de uma imaginação dançante.

Flutuante.

Pingos que não me molham a cara,
Mas que entranham no estado de espírito.

Vou sentir falta do espelho do céu.
Das boas energias que me sugam pela paixão.
Não quero perder Norte, nem desejo.
Se me perder no meio do Amor,
Que não seja lentamente.
Levem-me num pranto negro.

Naquele lago.

Daquele romantismo bacoco.
Já não quero saber se sou exagerado.

Quero ser guiado pela música que oiço.

Ali vejo a luz.

J - 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Saudade II

Volto em chamas,
É o teu abraço.
Respiro e deliro.
Quero perder-me em teu corpo
Suave algodão,
Doce algodão.

Quero-te dar a mão e partilhar.
O meu prato,
Será teu prato.
Coloco-me sobre a linha.
Firme e direita.
O teu cheiro já me é familiar.
Já faz parte de nós.

Se me perder contigo,
Que seja para me encontrar de vez.
E agora, o vento que circula,
São os teus braços da saudade.

Aconchego-me na nossa noite.

J - 2011

Saudade

É da saudade que o ser erra!
Comete as maiores loucuras.
Nos dias cinzentos,
Recorda o ser que vive todos os dias.
Foge à vida num aconchego.

As janelas do mundo fecham as portadas
E aqui fica o rio liso.
É o preto e branco.
É a raça.
O som de uma santa,
Que sobejamente, tem a vista do Tejo.
A porta para a aventura no mundo.

Receio que nos limitemos,
E agora, não avançamos do abrigo da porta.
Voa a gaivota que volta à terra,
Não antes de buscar o seu tesouro.

J - 2011

Vozes

O interrogatório voltou.
Abraçou-me e quero caminho fugido.
Faltam-me as palavras
Não porque não as sinta,
Mas porque a enxurrada é de tamanha dimensão…

O cinzento que me afoga
Não me faz temer.
O chumbo que sopra é pequeno
Considerando a tempestade que me assola.

Não há Fé, nem Norte.
Ajo só,
E sento-me no chão nojento.
Não precisam de limpar.
Está cá.
Tenho um chão que pisar.

Agora recolho-me,
Porque a pedra no peito,
Caiu no chão.

J - 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Descontrolo

Tu ainda me vais odiar um dia.
A fúria deste fogo incontrolável
Debita no meu corpo a dor.
Semeia o ódio gerado pelo amor.
Sente paixão nunca antes vivida
E mesmo muito mal medida,
Arremesso pedras sem destino.

Apetece-me perder.
Fugir, talvez até morrer.
Como este fogo nunca brinquei…
E como é poderoso!
Descontrolado!
Fustiga a pureza,
Consegue até petrificar o mais belo dos jardins.

As cores fugiram com o vento.
A acidez matou a terra
E a água está poluída pelo pior sentimento.
Resta-me fugir em espírito.
Para onde?
Para onde não possa…
J - 2011
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